sexta-feira, 14 de junho de 2013

"Seu Irineu". Pobre, Negro e Velho.

Blog de Thais Luso
Ele nasceu no ano de 1932 em Recife, Cidade litorânea e uma das mais violentas e desiguais desse País de desigualdades. 
Seu pai um homem de avançada idade desposou sua mãe quando esta tinha apenas 11 anos.                                                                                                                                                          É verdade, isso acontecia muito em regiões pobres do Brasil, onde as famílias tinham muitos filhos e não viam a hora de se livrar das meninas. "Seu Irineu" não sabe precisar com que idade sua Mãe o teve. Sabe apenas que ela teve nove filhos, dos quais 5 se criaram. Seu pai faleceu quando ele estava com sete anos. 
Ele relata esse fato e as lagrimas lhe vem aos Olhos, “(meu pai morreu numa miséria rapaz)”. Conta detalhes dessa morte como se isso tivesse ocorrido ontem, mas já se foram 71 anos.                                                                                                  "Seu Irineu" perambulou pela vida. Negro, pobre, sem estudo, pois estudou apenas ate a segunda serie do ensino fundamental. Teve os piores trabalhos, carregador de sacos de cimento, catador de papelão e servente de pedreiro.                                                                                                                                    O Trabalho nunca lhe deu as condições mínimas de vida, sempre morou nos piores lugares de Recife, Rio de Janeiro e por fim São Paulo, onde sobrevive até hoje. 
Sempre diz que a vida o reservou o que existe de pior, pois tudo que desejou não conquistou tudo que quis não obteve. 
Frequenta uma igreja onde puseram em sua cabeça de pouca ou nem uma cultura, que a culpa de tudo isso e do "demônio". Acredita nessa explicação e se agarra a promessa que se fizer o bem, pagar o dízimo corretamente e for batizado irá para o Céu, lá sim terá dignidade e será feliz.                                                           Enquanto isso ele carrega seu corpo de mais ou menos um metro e meio, (não sei se um dia chegou a ser maior e por conta das dores da vida encolheu,  ou se sua infância de privações o fez ter essa estatura), e uma placa de propaganda pelas ruas do centro de São Paulo, aos 78 anos,  trabalha todos os dias úteis da semana e ganha 15 Reais para isso.
 Não tem contato com nenhum dos seus irmãos que sobreviveram. 
Seus poucos dentes estão sempre à mostra, ele ri apesar de tudo. Não sei se é feliz.                                                                                                                            Um dia ele não aparecerá para trabalhar, passarão alguns dias e ele não aparecerá mais nas ruas do centro, ninguém irá notar. 
Foi apenas mais um brasileiro que passou pela vida. Se incomodou alguém foi a si mesmo, se sofreu foi por si mesmo; deve ter amado alguém um dia. Se chorou foi no seu barraco em Vila Brasilândia, Zona Norte de São Paulo onde vive. 
"Sua vida não foi necessária ao Século", parafraseio Machado de Assis.



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