terça-feira, 14 de junho de 2011

Quando Um Objetivo Se Desfaz.



Hoje lendo algumas notícias em sites e alguns comentários nas redes sociais, comecei a refletir sobre o quanto somos ambíguos nas diversas fases da nossa existência. Temos uma essência, alguns princípios que nos norteiam durante nossa vida, mas em algumas situações, acabamos por passar por cima de tudo isso e nos juntamos a mediocridade reinante e assimilamos tudo aquilo que combatemos por muito tempo. 
Em "O Velho E O Mar" de Ernest Hemingway, o autor narra a busca de um pescador que sonha em pescar o peixe ideal, perfeito, aquele que faria os outros pescadores sentirem inveja, o admirarem pelo feito. Resumindo, ele consegue fisgar este peixe tão sonhado, porém, para conseguir isso tem que ir tão longe, que na volta ate seu vilarejo seu sonho e devorado por outros peixes e organismos marítimos. Acho esse texto perfeito para ilustrar ate onde somos capazes de ir em busca de um ideal. Bem, por que usei essa história? 
Quando vejo um ex-metalúrgico que sempre lutou, esbravejou e criticou todo um sistema político e econômico chegar ao poder e abraçar esse sistema e se amalgamar de tal modo a ele, que nao há mais a possibilidade de distinguir quem e quem. Acredito que o "ex-metalúrgico" tinha objetivos nobres, tinha sonhos louváveis, mas com o passar do tempo foi se acostumando ao poder, foi se adaptando facilmente as regalias, a vida boa que o dinheiro e a fama proporcionam. Nesse processo aquele sonho que era digno de honra foi sendo desfigurado e posto em segundo plano, agora o que interessava era o poder, nem que para isso precisasse mergulhar no lamaçal do jogo político.
 Outro caso emblemático e o de uma instituição religiosa que sempre combateu e criticou uma emissora de televisão e o seu monopólio na mídia nacional, seu poder no meio empresarial e político. Acredito que esta "instituição" sonhava com o dia em que teria seu canal, assim poderia combater a grande "Babilônia" das comunicações com uma programação diferenciada, que defendesse os valores da família, da ética e da religião. A "instituição" religiosa cresceu, e com o dízimo de gente simples, de poucas letras e poucos recursos se transformou em um império, comprou um canal de televisão, abocanhou "market-share" respeitável ( diga-se de passagem, segundo lugar), e vejam no que ela se transformou: uma cópia quase perfeita de tudo aquilo que foi alvo de suas críticas por décadas. 
Fazendo uma auto analise me pergunto: será que aquilo que tanto criticamos nao e no final das contas uma gota da "baba de Caim"? Será que no lugar deles agiríamos de maneira diferente? Ate onde somos capazes de descer em busca de um objetivo outrora digno? Eu poderia escrever milhares de textos sobre pessoas que iniciaram um projeto com um objetivo e com o passar do tempo perdeu o foco e acabou de uma maneira totalmente diferente daquela a que se propôs, tanto para o bem, como para o mal. E um tema abrangente que me faz pensar o quanto somos atraídos pelo desejo de sermos aceitos, seja pelo que somos ou pelo que temos, nao importa, o que queremos e aceitação.

11 comentários:

  1. Excelente reflexão amigo, realmente não temos idéia do que somos capazes de fazer até que não estejamos vivendo determinadas situações. Tudo isto chega a ser assustador, realmente somos Jekyll e Hyde e o melhor que podemos fazer nesta jornada é aprender a controlar o monstrinho interior. Vivemos num mundo extremamente ganancioso, por poder, dinheiro, fama e infelizmente muitas vezes nos deixamos envolver nesta egrégora tão atraente e perigosa.
    A lição do evangelho se faz cada vez mais necessária "Orai e Vigiai", se não estaremos sempre a mercê destes "tubarões. Obrigada pela reflexão.Bjs

    ResponderExcluir
  2. Ahhhh ja ia me esquecendo, adorei a foto, diz tudo sobre o texto.

    ResponderExcluir
  3. Parabéns meu amigo Luciano pela postagem! Texto inteligente e que merece uma profunda análise e reflexão!
    Abraços!!!

    ResponderExcluir
  4. Luciano, perfeito!!!
    Na minha opinião uma coisa é você apontar, outra é fazer. Em todos os lugares por onde passei, vi e vivi coisas assim. Quando era aluna, criticava meus professores por serem autoritários e demagogos, achava que não tinham didática; hoje como professora, vejo o quanto é difícil ter didática, atender as necessidades de cada aluno e ainda ser democrática e verdadeira. E assim também foi qdo passei de Analista para coordenadora de Rh; de filha para mãe; de cliente para empreendedora.
    Sinto que as pessoas não erram por desistirem de um ideal, mas por ter acreditado que "aquilo" era ideal! Não são as ações, mas os pontos de vista!
    Antes de criticarmos, precisamos estar na pele do outro, e isso não é nada fácil!!!
    Adorei!!! bjs...

    ResponderExcluir
  5. É Luciano tudo muda quando se tem o poder nas mãos, e ninguém quer perde esse poder nê.Mais tb acho que esse metalúrgico deu um pouco de dignidade para nos o povo.Sabe Lu porque não tinha nada pior pra um ser humano ele não ter o que comer na mesa da sua casa.Sim tb acho que ele se misturou sim, mais nem tudo é flores nessa vida .Agora o canal de televisão pra mim é indiferente , nem vejo ele, sei que deu empregado pra muitos artista ..É as vezes tem certa situações que nos faz querer ser aceito. Mil bjusss

    ResponderExcluir
  6. Texto muito bem escrito, parabéns. Interessante do começo ao fim, aliás como todos os seus textos.
    Beijos

    ResponderExcluir
  7. Nossa Luciano! Isso é transmissão de pensamento.Há cerca de uma hora, estava pensando em escrever algo muito parecido! Texto perfeito com o qual concordo 100%. Parabéns

    ResponderExcluir
  8. Gostei muito da reflexão...escrever não é fácil!Parabéns...vcs tem tumblr? O twitter me limitou p seguir mais pessoas...tão logo eu for liberada ,quero seguir vcs no tt e tumblr...Abraços a todos vcs!Babyand

    ResponderExcluir
  9. Verdade Luciano, por mais que venhamos a fazer algo que muitas das vezes nos afasta de pessoas, e elas não nos dando seu apoio fazemos mesmo assim, tudo o que precisamos é de um reconhecimento, não queremos ser anônimos queremos ser reconhecidos, mas até aonde vale a pena?
    Bela análise!
    Parabéns!

    ResponderExcluir
  10. Muito bom o texto. Essa é uma realidade que não acontece somente com os politicos ou grandes empresas e instituições religiosas, muitas vezes até no nosso dia a dia temos essa situação. Esse texto nos tras a uma reflexão dos nossos atos, muito bom mesmo

    ResponderExcluir
  11. Oi Lu. É exatamente isso. Acho que quanto mais criticamos o próximo, ficamos suscetíveis a cometer as mesmas atitudes, erradas ou não. Talvez o apontar do dedo acusador, nada mais é que cobiçar algo que não é nosso. Bjs!

    ResponderExcluir

Deixa aqui seu comentário para que eu possa agradecer sua visita.