Edgar Allan Poe
Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore,
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some one gently rapping, rapping at my chamber door.
"'Tis some visitor," I muttered, "tapping at my chamber door-
Only this, and nothing more."
Ah, distinctly I remember it was in the bleak December,
And each separate dying ember wrought its ghost upon the floor.
Eagerly I wished the morrow;- vainly I had sought to borrow
From my books surcease of sorrow- sorrow for the lost Lenore-
For the rare and radiant maiden whom the angels name Lenore-
Nameless here for evermore.
And the silken sad uncertain rustling of each purple curtain
Thrilled me- filled me with fantastic terrors never felt before;
So that now, to still the beating of my heart, I stood repeating,
"'Tis some visitor entreating entrance at my chamber door-
Some late visitor entreating entrance at my chamber door;-
This it is, and nothing more."
Presently my soul grew stronger; hesitating then no longer,
"Sir," said I, "or Madam, truly your forgiveness I implore;
But the fact is I was napping, and so gently you came rapping,
And so faintly you came tapping, tapping at my chamber door,
That I scarce was sure I heard you"- here I opened wide the door;-
Darkness there, and nothing more.
Deep into that darkness peering, long I stood there wondering, fearing,
Doubting, dreaming dreams no mortals ever dared to dream before;
But the silence was unbroken, and the stillness gave no token,
And the only word there spoken was the whispered word, "Lenore!"
This I whispered, and an echo murmured back the word, "Lenore!"-
Merely this, and nothing more.
Back into the chamber turning, all my soul within me burning,
Soon again I heard a tapping somewhat louder than before.
"Surely," said I, "surely that is something at my window lattice:
Let me see, then, what thereat is, and this mystery explore-
Let my heart be still a moment and this mystery explore;-
'Tis the wind and nothing more."
Tradução de Fernando Pessoa (1924)
Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."
Ah, que bem disso me lembro! Era no frio dezembro
E o fogo, morrendo negro, urdia sombras desiguais.
Como eu qu'ria a madrugada, toda a noite aos livros dada
P'ra esquecer (em vão!) a amada, hoje entre hostes celestiais -
Essa cujo nome sabem as hostes celestiais,
Mas sem nome aqui jamais!
Como, a tremer frio e frouxo, cada reposteiro roxo
Me incutia, urdia estranhos terrores nunca antes tais!
Mas, a mim mesmo infundindo força, eu ia repetindo:
"É uma visita pedindo entrada aqui em meus umbrais;
Uma visita tardia pede entrada em meus umbrais.
É só isto, e nada mais."
E, mais forte num instante, já nem tardo ou hesitante,
"Senhor", eu disse, "ou senhora, de certo me desculpais;
Mas eu ia adormecendo, quando viestes batendo
Tão levemente, batendo, batendo por meus umbrais,
Que mal ouvi..." E abri largos, franqueando-os, meus umbrais.
Noite, noite e nada mais.
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse os meus ais,
Isto só e nada mais.
Para dentro então volvendo, toda a alma em mim ardendo,
Não tardou que ouvisse novo som batendo mais e mais.
"Por certo", disse eu, "aquela bulha é na minha janela.
Vamos ver o que está nela, e o que são estes sinais.
Meu coração se distraia pesquisando estes sinais.
É o vento, e nada mais."
Blog destinado a discutir comportamento, espiritualidade, religião, artes, moda, oportunidades, ciências, esportes, política, cidadania, poesia, enfim, a vida. Este Blog vai virar livro.
sexta-feira, 23 de abril de 2010
quinta-feira, 22 de abril de 2010
A Energia de cada um
Tanto tem se falado em energia por esses dias, tanto pelo leilão para construção da Hidrelétrica de Belo Monte, seja pela questão de os governos em sua maioria optarem por fontes energéticas muito poluentes e cada vez mais escassas, ao invés de optarem por fontes limpas e renováveis. Enfim, agora o assunto e energia, e o fato e que dependemos como nunca dela. No entanto, a energia a que vou me ater por hoje e a energia que cada um de nos carrega dentro de si. Acompanho muitas pessoas no Twitter e nos Blogs, gosto de ler os posts, sempre que me indicam estou la, lendo, procurando entender o que pensam essas fantásticas pessoas, e também aprendendo com elas. Tenho notado com uma frequência cada vez maior, que independente da Religião ou Fé que essas pessoas expressam, estão sempre fazendo referencia a energia. Em minha vida tenho o prazer de conhecer pessoas de varias frequências energéticas, desde aquelas que tem um astral tao revigorante que podem tirar alguem de um marasmo total e leva-lo a um estado de quase êxtase apenas com uma curta conversa ao telefone ou numa conversa desinteressada. Também conheço aqueles que podem com uma mera saudação fazer com que você se sinta como se estivesse com dois sacos de cimento nas costas, são pessoas totalmente pra baixo, e que tendem a por quem se aproxima delas também na mesma canoa furada em que se encontram. Os Xiitas da energia positiva podem nos dizer, "caia fora desse tipo de gente, não se aproxime". Tenho um ponto de vista um pouco discordante, não confio muito em pessoas extremadas, acredito que ninguém pode viver o tempo todo numa voltagem muito elevada, também o contrario e verdadeiro. O ser humano e capaz de se adaptar as situações mais adversas, e acredito que alguém e capaz de se acostumar a viver no escuro para sempre, e o que na minha opinião acontece com esses seres sem energia. E frustrante quando estamos empolgados com algo, contamos para alguém, e este ser nos joga um balde de água fria, a partir dai já começamos a duvidar dos nossos projetos, da nossa capacidade e ate das nossas conquistas. Mas essas pessoas com baixos amperes são na maioria das vezes infelizes, não conseguem se realizar nas principais áreas das suas vidas e ainda afastam de si pessoas que poderiam iluminar suas existências. Acredito que energia boa e para ser dividida, não para ser guardada, se você tem algo bom para oferecer, não guarde para si, energia guardada e o mesmo que energia desperdiçada, seja uma Luz para quem anda no escuro, irradie vida para ajudar quem apenas sobrevive, ao invés de dar as costas de bom dia, de um oi, essas simples coisas podem mudar o dia de alguém, enfim, seja cordial.
segunda-feira, 19 de abril de 2010
Desabafo de um apaixonado
Ah Domingo, dia um tanto monotono, poderia ser um dia de descanso, mas para muitos ja e o principio da segunda feira. Dia de estar com a familia, ir ao parque ou ou apenas ver tv. Domingo 18/04/2010, voce que nasceu tao lindo, com um ceu tao azul, esse sol maravilhoso de outono, por que nos reservou um final de tarde tao vazio? O dia que nasceu tao belo aos poucos foi ficando cinza, algo de tenebroso estava por vir. Alguns podem dizer: "nao leve isso tao a serio, e apenas uma paixao boba", meu caro, nao diga isso a um coracao apaixonado, nao chame tolo aquilo que e o ar do ser apaixonado, nao chames vil aquilo que e venerado pelo outro. Voltemos ao acontecimento; Domingo 16:00 na Vila que ja deu ao mundo Pele, o rei do futebol, o incomparavel, essa Vila tao famosa, reservava uma tarde tragica ao Tricolor paulista, o campeao dos campeoes, o Tricolor mais lindo do mundo, de tao lindas cores teria uma batalha muito dificil, enfrentaria o temivel Santos de Robinho, Neymar e companhia. Fosse uma Guerra e poderiamos pedir um armisticio, pois ja haviamos perdido uma batalha, mas nao era uma guerra, se tratava do futebol, o esporte dos apaixonados, o esporte do acaso, onde nem sempre o melhor vence, o Futebol e um jogo, e onde as paoxoes tem seu apice. O Santos de longe o favorito para o Classico e o mais badalado time brasileiro no momento, e o nosso Tricolor, guerreiro como nunca, tentando mudar uma escrita que para algus ja estava selada. Mas nos, apaixonados, achamos nossa amada sempre a mais linda de todas, a mais honesta, aquela que faz os melhores pratos, entao, confiamos ate o fim que nosso Tricolor Paulista conseguiria ao menos parar a maquina de fazer gol santista, e ate conseguimos ate certo tempo, nossos guerreiros se seguraram como puderam, em nenhum momento foram desleais com os adversarios, apesar de seus dribles desconcertantes e seu futebol que mais se barece um balet classico, muito bem ensaiado, mas que na verdade nao passa do talento de cada um desses jogadores da vila famosa. Depois de Neymar fazer um gol de mao em nosso velho RC de tantas defesas fantasticas e gols, mais numerosos que muito jogador de linha. Neymar, meu bom jovem, voce nao precisava dessa mao de Maradona para tirar a bola do nosso excelente arqueiro, voce ja tem um arsenal de gols em sua curta carreira, nao precisava de mais esse artificio e nosso Tricolor nao merecia mais esse golpe contrario dos deuses pagaos do futebol. Depois disso nosso Tricolor paulista de tantas glorias mais se assemelharia a um Ibis, que a maquina de ganhar titulos que tantas alegrias nos deu e tantas tristezas proporcionou aos nossos adversarios, voce Dagoberto que tanto honra nosso manto sagrado, estava irreconhecivel, como alguem que tomou um sonifero ao inves de agua, e voce Fernandinho, estagiario de craque, ninguem viu seu futebol na vila. Seria desnecessario falar aqui de todos os jogadores e seu perfil na partida, pois os meninos da vila, envolveram nossa SPFC de uma maneira, que nao ha o que dizer dos nossos jogadores, eles viram o Santos jogar. Quero ressaltar aqui que em nenhum momento foram desleais com a equipe da vila, jogaram o feijao com arroz de sempre e viram o aversario fazer o que faz com quem se atreve a passar pelo seu caminho: gols. Tricolor, voce e minha paixao, perdendo ou ganhando estara sempre no meu coracao. Espero, que a partir de agora que nao teremos mais os meninos fantasticos da vila, voce possa brilhar em suas novas batalhas. Salve o Tricolor Paulista, Campeao dos Campeoes....
sábado, 17 de abril de 2010
O Guardador de Rebanhos
VIII
Num meio-dia de fim de primavera, tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte, tornado outra vez menino,
a correr e rolar-se pela erva e arrancar flores para as deitar fora,
e a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso de mais para fingir-se de segunda pessoa da Trindade.
No céu, era tudo falso, tudo em desacordo com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério e de vez em quando se tornar outra vez homem e subir para a cruz, e estar sempre a morrer com uma coroa toda roda de espinhos e os pés, espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura como os pretos nas ilustrações.
Nem se quer o deixavam ter pai e mãe como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas - um velho chamado José, que era carpinteiro e que não era pai dele,
E o outro pai, era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo, porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de ter. Não era mulher; era uma mala em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele que só que só nascera da mãe, e nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia em que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar, ele foi a caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro, fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo, criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro, criou um Cristo eternamente na cruz e o deixou pregado na cruz que há no céu e serve de modelo às outras.
Depois, fugiu para o sol e desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje, vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita, de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba frutas dos pomares,
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam,
E que toda gente acha graça,
Corre atrás das raparigas que vão em ranchos pelas estradas,
com as bilhas às cabeças e levanta-lhes as saias.
A mim, ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
aponta-me todas as coisas há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem nas mãos
E olha devagar para elas.
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem-Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito-Santo, coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada.
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido" -
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam á sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso, se chamam seres."
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O menino Jesus adormece nos meus braços,
E eu o levo ao colo para casa.
...................................................................................
Ele mora comigo na minha casa, ao meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano, que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso, que eu sei com toda certeza,
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana, que é divina,
É esta minha cotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo, que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo,
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando, e rindo, e gozando nosso segredo comum que é o de saber por toda parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar, é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro,
Na companhia de tudo,
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois,
Como um acordo intimo,
Como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer, brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.
Depois, eu conto-lhe histórias de coisas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam no fundo do mar dos altos mares.
Porque ele sabe que a tudo isso, falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
W que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer os olhos e os muros caiados.
Depois ele adormece, e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas pro ar,
Põe uns em cima dos outros,
E bate as palmas sozinho,
Sorrindo para o meu sono.
...................................................................................
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa,
Despe-me meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
que tu sabes qual é.
...................................................................................
Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?
(Alberto Caeiro "Fernando Pessoa")
Num meio-dia de fim de primavera, tive um sonho como uma fotografia.
Vi Jesus Cristo descer à terra.
Veio pela encosta de um monte, tornado outra vez menino,
a correr e rolar-se pela erva e arrancar flores para as deitar fora,
e a rir de modo a ouvir-se de longe.
Tinha fugido do céu.
Era nosso de mais para fingir-se de segunda pessoa da Trindade.
No céu, era tudo falso, tudo em desacordo com flores e árvores e pedras.
No céu tinha que estar sempre sério e de vez em quando se tornar outra vez homem e subir para a cruz, e estar sempre a morrer com uma coroa toda roda de espinhos e os pés, espetados por um prego com cabeça,
E até com um trapo à roda da cintura como os pretos nas ilustrações.
Nem se quer o deixavam ter pai e mãe como as outras crianças.
O seu pai era duas pessoas - um velho chamado José, que era carpinteiro e que não era pai dele,
E o outro pai, era uma pomba estúpida,
A única pomba feia do mundo, porque não era do mundo nem era pomba.
E a sua mãe não tinha amado antes de ter. Não era mulher; era uma mala em que ele tinha vindo do céu.
E queriam que ele que só que só nascera da mãe, e nunca tivera pai para amar com respeito,
Pregasse a bondade e a justiça!
Um dia em que Deus estava a dormir
E o Espírito Santo andava a voar, ele foi a caixa dos milagres e roubou três.
Com o primeiro, fez que ninguém soubesse que ele tinha fugido.
Com o segundo, criou-se eternamente humano e menino.
Com o terceiro, criou um Cristo eternamente na cruz e o deixou pregado na cruz que há no céu e serve de modelo às outras.
Depois, fugiu para o sol e desceu pelo primeiro raio que apanhou.
Hoje, vive na minha aldeia comigo.
É uma criança bonita, de riso e natural.
Limpa o nariz ao braço direito,
Chapinha nas poças de água,
Colhe as flores e gosta delas e esquece-as.
Atira pedras aos burros,
Rouba frutas dos pomares,
E foge a chorar e a gritar dos cães.
E, porque sabe que elas não gostam,
E que toda gente acha graça,
Corre atrás das raparigas que vão em ranchos pelas estradas,
com as bilhas às cabeças e levanta-lhes as saias.
A mim, ensinou-me tudo.
Ensinou-me a olhar para as coisas.
aponta-me todas as coisas há nas flores.
Mostra-me como as pedras são engraçadas
Quando a gente as tem nas mãos
E olha devagar para elas.
Diz-me muito mal de Deus.
Diz que ele é um velho estúpido e doente,
sempre a escarrar no chão
E a dizer indecências.
A Virgem-Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia.
E o Espírito-Santo, coça-se com o bico
E empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
Diz-me que Deus não percebe nada.
Das coisas que criou -
"Se é que ele as criou, do que duvido" -
"Ele diz, por exemplo, que os seres cantam á sua glória,
Mas os seres não cantam nada.
Se cantassem seriam cantores.
Os seres existem e mais nada,
E por isso, se chamam seres."
E depois, cansado de dizer mal de Deus,
O menino Jesus adormece nos meus braços,
E eu o levo ao colo para casa.
...................................................................................
Ele mora comigo na minha casa, ao meio do outeiro.
Ele é a Eterna Criança, o deus que faltava.
Ele é o humano, que é natural,
Ele é o divino que sorri e que brinca.
E por isso, que eu sei com toda certeza,
Que ele é o Menino Jesus verdadeiro.
E a criança tão humana, que é divina,
É esta minha cotidiana vida de poeta,
E é porque ele anda sempre comigo, que eu sou poeta sempre,
E que o meu mínimo olhar
Me enche de sensação
E o mais pequeno som, seja do que for,
Parece falar comigo.
A Criança Nova que habita onde vivo,
Dá-me uma mão a mim
E a outra a tudo que existe
E assim vamos os três pelo caminho que houver,
Saltando e cantando, e rindo, e gozando nosso segredo comum que é o de saber por toda parte
Que não há mistério no mundo
E que tudo vale a pena.
A Criança Eterna acompanha-me sempre.
A direção do meu olhar, é o seu dedo apontando.
O meu ouvido atento alegremente a todos os sons
São as cócegas que ele me faz, brincando nas orelhas.
Damo-nos tão bem um com o outro,
Na companhia de tudo,
Que nunca pensamos um no outro,
Mas vivemos juntos e dois,
Como um acordo intimo,
Como a mão direita e a esquerda.
Ao anoitecer, brincamos as cinco pedrinhas
No degrau da porta de casa,
Graves como convém a um deus e a um poeta,
E como se cada pedra
Fosse todo um universo
E fosse por isso um grande perigo para ela
Deixá-la cair no chão.
Depois, eu conto-lhe histórias de coisas só dos homens
E ele sorri, porque tudo é incrível.
Ri dos reis e dos que não são reis,
E tem pena de ouvir falar das guerras,
E dos comércios, e dos navios
Que ficam no fundo do mar dos altos mares.
Porque ele sabe que a tudo isso, falta àquela verdade
Que uma flor tem ao florescer
W que anda com a luz do sol
A variar os montes e os vales
E a fazer doer os olhos e os muros caiados.
Depois ele adormece, e eu deito-o.
Levo-o ao colo para dentro de casa
E deito-o, despindo-o lentamente
E como seguindo um ritual muito limpo
E todo materno até ele estar nu.
Ele dorme dentro da minha alma
E às vezes acorda de noite
E brinca com os meus sonhos.
Vira uns de pernas pro ar,
Põe uns em cima dos outros,
E bate as palmas sozinho,
Sorrindo para o meu sono.
...................................................................................
Quando eu morrer, filhinho,
Seja eu a criança, o mais pequeno.
Pega-me tu ao colo
E leva-me para dentro da tua casa,
Despe-me meu ser cansado e humano
E deita-me na tua cama.
E conta-me histórias, caso eu acorde,
Para eu tornar adormecer.
E dá-me sonhos teus para eu brincar
Até que nasça qualquer dia
que tu sabes qual é.
...................................................................................
Esta é a história do meu Menino Jesus.
Por que razão que se perceba
Não há de ser ela mais verdadeira
Que tudo quanto os filósofos pensam
E tudo quanto as religiões ensinam?
(Alberto Caeiro "Fernando Pessoa")
sexta-feira, 16 de abril de 2010
Sua historia e unica
No ultimo texto que escrevi, falei sobre o fato de sermos humanos, portanto sujeitos a erros e acertos durante nossa vida. Hoje resolvi falar um pouco sobre nossa procura por um modelo a ser seguido. Na cabeca da maioria das pessoas existe o desejo de ter caracteristicas de personagens que fizeram ou fazem a diferenca por seu estilo de vida. Personagens esses que apesar de terem como nos as mesmas 24 horas por dia fizeram mudancas significantes no rumo da da humanidade. Entao, quando nos comparamos com esse grupo de grandes transformadores de realidades nos damos conta da nossa mediocridade. A maior parte da humanidade passara pela vida e nao sera rei, imperador, presidente, empresario, executivo, ator, escritor, etc. Essa afirmacao e desconcertante; por que existe tanta gente no mundo, que com o mesmo tempo dado aos grandes realizadores, nao conseguem nem ao menos mudar sua propria realidade? Seria falta de oportunidade? Comodismo? O destino? Nao tenho uma resposta para essa questao, se alguem tiver me mande, preciso dela urgente, a vida passa rapidamente. Talvez, isso explique a grande quantidade de livros de auto-ajuda vendidos todos os anos, eles promentem o sucesso em 7 semanas, e em qualquer area de atuacao, seja nos negocios, nos esportes e ate no amor. Nada contra essas publicacoes e seus autores. Mas, sejamos sinceros, ninguem por mais que tente consegue imitar o sucesso do outro, voce pode aprender, tentar repetir as qualidades de alguem, porem, isso nao significa que atingira o ponto onde essa pessoa chegou. Cada pessoa e unica, cada minuto vivido e unico, por isso os resultados alcancados sao unicos. Outro dia ouvi uma coisa que me fez pensar: "e melhor aprender com os erros dos outros que com os nossos", pode parecer discordante com o que disse ate agora, mas nao e. Se voce viu que agindo de tal modo alguem se deu mal, e natural que se evite agir do mesmo modo para nao incorrer no mesmo erro, e que se agir como alguem que obteve sucesso em sua trajetoria e melhor que agir como alguem que fracassou, mas agindo de um modo ou de outro nao significa uma coisa nem outra. Estamos cheios de exemplos de pessoas que foram exemplo de aplicacao em tudo que fizeram e nao tiveram exito, e outros que como por um toque de magica ou por um acaso da sorte tiveram suas vidas tranformadas e mudaram a realidade de seus proximos. Entao a conclusao que chego e que nao existe formula para o sucesso nem para o fracasso, a vida e muito imprevisivel, devemos fazer o melhor que pudermos em tudo que tivermos a mao para fazer, sermos cordiais com os que cruzam nossos caminhos, procuram aprender sempre e principalmente, viver cada momento como se fosse o ultimo, porque o instante que passa e unico e ultimo. Gosto de uma citacao que diz assim,"ninguem se banha duas vezes no mesmo rio", voce nao sera o mesmo nem a agua sera a mesma. O sucesso vira ou nao, se preocupar muito com isso nao mudara nada em sua vida, a unica coisa que pode acontecer e voce ficar estressado. Entao, seja feliz pelo que tem e nao infeliz pelo que te falta.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Aprendendo a viver
Aprendendo a viver
Aprendi que se aprende errando
Que crescer não significa fazer aniversário.
Que o silêncio é a melhor resposta, quando se ouve uma bobagem.
Que trabalhar significa não só ganhar dinheiro.
Que amigos a gente conquista mostrando o que somos.
Que os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim.
Que a maldade se esconde atrás de uma bela face.
Que não se espera a felicidade chegar, mas se procura por ela
Que quando penso saber de tudo ainda não aprendi nada
Que a Natureza é a coisa mais bela na Vida.
Que amar significa se dar por inteiro
Que um só dia pode ser mais importante que muitos anos.
Que se pode conversar com estrelas
Que se pode confessar com a Lua
Que se pode viajar além do infinito
Que ouvir uma palavra de carinho faz bem à saúde.
Que dar um carinho também faz...
Que sonhar é preciso
Que se deve ser criança a vida toda
Que nosso ser é livre
Que Deus não proíbe nada em nome do amor.
Que o julgamento alheio não é importante
Que o que realmente importa é a Paz interior.
"Não podemos viver apenas para nós mesmos.
Mil fibras nos conectam com outras pessoas;
e por essas fibras nossas ações vão como causas
e voltam pra nós como efeitos."
(Herman Melville)
Aprendi que se aprende errando
Que crescer não significa fazer aniversário.
Que o silêncio é a melhor resposta, quando se ouve uma bobagem.
Que trabalhar significa não só ganhar dinheiro.
Que amigos a gente conquista mostrando o que somos.
Que os verdadeiros amigos sempre ficam com você até o fim.
Que a maldade se esconde atrás de uma bela face.
Que não se espera a felicidade chegar, mas se procura por ela
Que quando penso saber de tudo ainda não aprendi nada
Que a Natureza é a coisa mais bela na Vida.
Que amar significa se dar por inteiro
Que um só dia pode ser mais importante que muitos anos.
Que se pode conversar com estrelas
Que se pode confessar com a Lua
Que se pode viajar além do infinito
Que ouvir uma palavra de carinho faz bem à saúde.
Que dar um carinho também faz...
Que sonhar é preciso
Que se deve ser criança a vida toda
Que nosso ser é livre
Que Deus não proíbe nada em nome do amor.
Que o julgamento alheio não é importante
Que o que realmente importa é a Paz interior.
"Não podemos viver apenas para nós mesmos.
Mil fibras nos conectam com outras pessoas;
e por essas fibras nossas ações vão como causas
e voltam pra nós como efeitos."
(Herman Melville)
terça-feira, 13 de abril de 2010
Somos Humanos de Mais
Analisando alguns fatos ocorridos ultimamente, cheguei a uma conclusao: nossos olhos foram programados para contemplar apenas o belo. O "nao belo" causa repugnancia, provoca distanciamento. Podemos constatar isso com o que a sociedade faz com mendigos, favelas, bandidos, sujeira e todas essas coisas que sao desagradaveis aos olhos. Essas coisas consideradas "escorias" ou "parias" da sociedade, sao postas de lado, numa tentativa de esconder o problema, tirar da presenca dos olhos, que na minha opiniao devem ser preservados dessas imagens mal elaboradas, numa linguagem moderna poderiamos dizer: imagens sem Photoshop. Mas por mais que tentemos esconder, o problema acaba vindo a tona, seja por uma inundacao, deslizamentos, ou mesmo em um passeio despretencioso pela cidade. As favelas do Rio de Janeiro entraram para o roteiro turistico da cidade, e eu me pergunto: isso e motivo de orgulho para nosso pais? Acredito que nao, o Rio tem lugares maravilhosos para se conhecer, o fato de turistas terem interesse em conhecer uma favela e apenas a curiosidade e o desejo de comprovar se o que eles ficam sabendo atraves da imprensa e verdade, as favelas nao apenas no Rio mas em toda parte no Brasil sao territorios autonomos dentro do nosso territorio, ali as pessoas vivem alienadas do Estado, nao existe assistencia por parte de nenhuma esfera de governo, territorio livre para o crime organizado que exerce o papel que deveria ser do Estado. Entao o que fazemos? Esquecemos esses territorios e essas pessoas, e apenas quando alguma coisa que acontece ali atinge as pessoas de fora a indignacao toma conta da populacao e ate das midias que ate a poucos instantes estava com suas lentes fechadas para essas pessoas e seus problemas. Os bandidos sao postos nos depositos de gente, preferencialmente, esses depositos devem estar longe das cidades, assim ninguem e obrigado a conviver com essa gente mal quista. Mendigos, saiam do centro, aqui e lugar de gente limpa, e lugar de gente cheirosa. Por falar nisso me lembrei da alusao feita aos partidarios da convencao do PSDB, chamados por um jornal de gente cheirosa. Sejamos honestos, ninguem quer estar perto do feio, do pobre, do mal cheiroso; os que tem essa capacidade sao tidos como santos, herois(Madre Tereza, Sao Francisco de Assis e etc...) o ser humano comum nao gosta dessas pessoas, ele gosta do que e belo, ou do que tem condicoes de comprar o belo (Arruda). O dedo que aponta essa humanidade (egocentrismo) esta apontando para mim e para minhas falhas e meus pontos fracos e obscuros, mas podem ser os seus defeitos tambem. Isso explica em partes porque nossos poderes constituidos legitimamente sao o que sao. E quando julgamos nossos representantes e atiramos pedra neles, na verdade estamos atirando pedras no espelho.
quinta-feira, 8 de abril de 2010
O drama nosso de cada dia.
Faz algum tempo que nao posto nada aqui no Blog, estava sem inspiracao pra escrever, e confesso que ainda estou. Acho que estou ficando chato de mais, reclamando muito e as pessoas nao gostam disso. Afinal, cada um ja tem suas proprias queixas, ninguem precisa de mais acido no estomago. No entanto, acompanhando a tragedia das chuvas no RJ e o caos que sinto na pele aqui em Sao Paulo resolvi expor minha indignacao. Esses dias de tormentas no Rio tem garoado e feito frio aqui em SP. Nem de perto se pode comparar com o sofrimento dos nossos irmaos cariocas, porem nao deixa de ser um drama. Moro no extremo da zona norte de Sao Paulo, deixo meu carro no metro parada inglesa e venho de metro ate o centro onde trabalho. O Metro e sempre muito lotado e para sempre entre uma estacao e outra, fazendo com que as estacoes fiquem lotadas piorando o meio de tranporte a cada parada, enfim, depois de muitos apertos, empurroes e mal humor gratuito desembarco no centro onde trabalho. Ontem 07/04/2010, precisei ir ate o Expo Transamerica, na Marginal Pinheiros Regiao de Santo Amaro, nao entrarei em detalhes, basta dizer que sai do Centro as 18:20 usando como meio de transporte o carro e consegui chegar ao meu destino as 21:00, nao podendo participar da Feira Intermodal, feira essa de extrema importancia para mim. Quer dizer, nenhum meio de transporte ascessivel ao cidadao comum funciona nessa cidade. Lembrando, estava apenas garoando, nao tinhamos alagamentos, deslizamentos nem mortes. Agora vamos ao RJ, onde a situacao e infinitamente pior e nossos politicos vem com o velho discurso: temos que impedir que as pessoas morem em areas de risco, como se eles tivessem ido morar nas encostas dos morros minutos apenas antes da tragedia, o se tivessem escolhido morarem pendurados num morro porque gostam, ou porque acham bonito morar numa favela, me poupem dos seus discursos hipocritas, me mostrem onde esta o Brasil que da certo, o Brasil da propaganda, o Brasil que resolve o problema do Haiti ou o conflito entre Palestinos e Judeus. Nossos problemas estao aqui, embaixo dos nossos narizes, batendo a nossa porta, o lixo que foi posto embaixo do tapete esta clamando para ser exposto, e a midia esta avida para mostrar, exceto os meios que tem seus interesses nesse ou naquele politico, os blogs, twitters e internet em geral estao ai mostrando toda essa sujeira. Estou indignado com o numero de mortes no RJ por causa das chuvas, mas se nao e chuva e o trafico, sao as estradas, e a fome, sao as doencas tipicas de paises subdesenvolvidos. Chega, por que pra ser politico nao se exige experiencia administrativa e nao se cobra resultados? A propaganda basta? E nos, o que estamos fazendo para melhorar essa situacao? Basta!
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