Ele nasceu no ano de 1932 em Recife, Cidade litorânea e uma das mais violentas e desiguais desse País de desigualdades. Seu pai um homem de avançada idede desposou sua mãe quando esta tinha apenas 11 anos. E verdade, isso acontecia muito em regiões pobres do Brasil, onde as famílias tinham muitos filhos e não viam a hora de se livrar das meninas. "Seu Irineu" não sabe precisar com que idade sua Mãe o teve. Sabe que ela teve 9 filhos, dos quais 5 se criaram. Seu pai faleceu quando ele estava com sete anos. Ele relata esse fato e as lagrimas lhe vem aos Olhos. "(meu pai morreu numa miséria rapaz). Ele conta detalhes dessa morte como se isso tivesse ocorrido ontem, mas ja se foram 71 anos. "Seu Irineu" perambulou pela vida. Negro, pobre, sem estudo, pois estudou apenas ate a segunda serie do ensino fundamental. Teve os piores trabalhos, carregador de sacos de cimento, catador de papelão e servente de pedreiro. O Trabalho nunca lhe deu as condições mínimas de vida, sempre morou nos piores lugares em Recife, Rio de Janeiro e por fim São Paulo, onde sobrevive ate hoje. Sempre diz que a vida o reservou o que ha de pior, pois tudo que desejou não conquistou, tudo que quis não teve. Ele frequenta uma igreja onde puseram em sua cabeça de pouca ou nem uma cultura, que a culpa de tudo isso e do demônio. Ele acredita nessa explicação e se agarra a promessa que se fizer o bem e der o dizimo, for batizado Ira para o Céu e lá sim terá dignidade e será feliz. Enquanto isso ele carrega seu corpo de mais ou menos um metro e meio, não sei se um dia ele chegou a ser maior e as dores da vida o encolheram ou se sua infância de privações o fizeram ter essa estatura, e uma placa de propaganda pelas ruas do centro de São Paulo, aos 78 anos, ele trabalha todos os dias úteis da semana e ganha 15 Reais para isso. Não tem contato com nenhum dos seus irmãos que sobreviveram. Seus poucos dentes estão sempre a mostra, ele ri apesar de tudo. Não sei se e feliz. Um dia ele não aparecera para trabalhar, passarão alguns dias e ele não aparecera mais nas ruas do centro, ninguém percebera. Ele foi apenas um mais um brasileiro que passou pela vida, se incomodou alguém foi a si mesmo, se sofreu foi por si mesmo, deve ter amado alguém um dia. Se chorou foi no seu barraco em Vila Brasilândia em São Paulo onde vive. Sua vida não foi necessária ao Século, parafraseio Machado de Assis.
nem tudo de mal é o diabo sabia/
ResponderExcluirE assim são tantos os brasileiros que vemos todos os dias pelas ruas de nossas cidades!!
ResponderExcluirRealidade triste Lu... dura e cruel...
Texto bacana... gostei mesmo...
Beijos